segunda-feira, 12 de março de 2012

O Seixal no «Portugal Antigo e Moderno» de Pinho Leal (1880)



Fonte: Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho Leal, Pedro Augusto Ferreira, Portugal Antigo e Moderno […], Volume 9, Lisboa : Mattos Moreira, 1880, pp. 76-81


[p. 76]
«SEIXAL – villa da Extremadura (ao S. do Tejo) cabeça do concelho do seu nome, na comarca d'Almada, 17 kilometros ao S. de Lisboa, 600 fogos. Em 1768, tinha 239.
Orago: Nossa Senhora da Conceição. Patriarchado e districto administrativo de Lisboa. O povo apresentava o cura, que tinha réis 150$000.
O concelho é formado pelas seguintes 4 freguesias de Aldeia de Payo Pires, Amora e Corroios, Arrentella, e Seixal; todas com 1:560 fogos e no patriarchado.
O Seixal pertencia á freguezia de Arrentella, d'onde foi desmembrado para formar parochia independente, em 23 de junho de 1734, como adiante mais circumstanciadamente se dirá.
Este concelho está na margem esquerda do Tejo, e a villa do Seixal, junto á praia, fazendo o rio aqui uma enseada, a qual, bifurcando-se, vae com uma das bifurcações para S.E., até se encontrar com as águas do rio Judeu, e com a outra, dirigida para N.O., banha a freguezia da Amora, e finda em Corroios.


Tem duas ruas principaes, de forma semicircular, e algumas pequenas travessas e becos, com trez pequenos largos.
Não tem edifícios notáveis, pois quasí todos são acanhados, e muitos d’elles insalubres.
Tem trez fabricas – uma de productos [p. 77] chimicos, de Padrel & C.ª [1]
 – outra de sabão – e outra de sóla antiga, e notável pelos seos optimos productos. 
[2]
A maior parte dos habitantes do Seixal são pescadores do alto (de fóra da barra); tem alguns lavradores, e muito poucos artistas.
Dous kilometros ao S. E. da villa, e ao longo da praia, em uma encosta está a grande povoação de Arrentella, onde reside a maior parte dos habitantes da freguezia.
A 110 metros ao S. O. d'Arrentella, está  o logarejo da Torre da Marinha, e nas suas faldas está a magnifica fábrica vulgarmente chamada da Arrentella. (Vide esta palavra.)
Antigamente havia por aqui muitas e formosas quintas de fidalgos, e boas fazendas de diversos mosteiros.


No caminho do Seixal para a Torre da Marinha, estão - a quinta de Paulo Jorge, onde é a fábrica de productos chimicos - logo adiante, a do Outeiro do sr. João Coelho d'Abreu - em seguida, a do Valle de Grou, ou da Fidalga, do sr. Manoel da Gama - a das Cavaquinhas - e a do Cabral, que finda mesmo no logar da Arrentella.
D'aqui até à Torre da Marinha, há várias pequenas propriedades, de diversos donos. Ao S. do Seixal e da Arrentella há differentes quintas e casaes.
A freguezia da Arrentella, ainda se estende para S. E. uns 5 kilómetros, tudo pinhal, que foi dos frades Jerónimos de Belém, e hoje é dos herdeiros de Abraham WheeIhouse. [3]
Ao E. do Seixal, está a quinta de D. Maria, onde está a fábrica de sola já mencionada - em seguida, a da Trindade, e ultimamente uma ponta de terra, que entra pelas águas do Tejo, e forma o chamado Rio de Coina, onde estão dous grandes armazens do Estado, e na praia contígua muita madeira soterrada, para construções navaes. Chamasse a este lugar - Azinheira.
Voltando d'aqui para o S., segue o rio de Coina ainda 6 kilómetros, e nas suas margens há o seguinte - parte da mencionada quinta da Trindade - quinta dos Paulistas - duas azenhas (d'agua salgada) com 14 pedras, para moagem de trigo - quinta do Alamo - quinta da Madre de Deus, com uma azenha de oito pedras - quinta do Descanso – a dos Loureiros – a da Ponte – a do Portinho – a de D. Maria (Paio Pires) - a das Canoas – a do Leilão - a do Lima – a da Palmeira - a do Brejo (em Cucêna) – a do Cabo da Linha - a Quinta Nova, com um lagar d’azeite - segue-se um pinhal, que finda junto á azenha chamada do José Moto, e onde por este lado termia o concelho.


Quasi todas estas quintas nada teem de notável, senão a extrema deterioração de algumas; e o pouco ou nenhum lucro de todas.
A freguezia da Aldeia de Paio Pires, está assente em uma pequena eminência, lançada de E. a O. Tem uma única rua tortuosa, mas os prédius são, pela maior parte, bons. É n'esta aldeia onde habita a maior parte das famílias da freguezia, o resto está espalhado por differentes quintas e casaes. (Vide Aldeia de Paio Pires).
A freguezia da Amóra, está fronteira á da Arrentella, da qual está separada, em parte, pela enseada do Tejo, e em parte, por um regato, que é o já referido Rio Judeu. Tem várias quintas, sendo a única digna de menção a da Amora, que já fica descripta em Amora e Corroios. É hoje do sr. infante D. Augusto, que a comprou aos herdeiros da fallecida infanta D. Isabel Maria, filha de D. João VI, em setembro de 1877. (Vide Amora e Corroios.)

O concelho do Seixal, é limitado, ao N. e N. O. pelo d'Almada - ao O. e S. O. pelo de Cezimbra - ao S. pelo d’Azeitão (hoje Setúbal) - e ao E. pelo Tejo.
O seu terreno é bastante accidentado, mas em geral muito fértil em pão, vinho, fructas, hortaliças e legumes. O vinho d'estas terras é óptimo para exportação, e a sua laranja é da melhor que vae para Inglaterra.
Antes de 1851, produzia este concelho 3:000 pipas de vinho, mas o oidium e outras moléstias, reduziram a colheita a 510 pipas. O termo médio das outras producções, é - trigo, 5:000 alqueires - milho. 31:500 – centeio, 2:000 - cevada, 1:000 - feijão, [p. 78] 7:500 - fava, 30 - grão de bico, 110 - laranja (só a exportada para a Inglaterra) 1:800 milheiros - limão, 4 milheiros – lan, 170 kilogrammas - mel, 150 ditos - cêra, 20.- Os pinhaes que cercam todas as quatro freguezias do concelho, dão um grande rendimento em madeira e lenha.
As aguas são, na sua máxima parte, de excellente qualidade, menos na aldeia de Paio Pires que é salobra e só serve para lavagens ou régas: a agua potável, vão buscal-a a quintas particulares. Na Amora, há uma óptima agua, que rebenta de abundante e perenne manancial, mesmo junto á praia mas só se pode tirar no baixa-mar, porque, quando a maré está em meio, fica a nascente coberta.


A salubridade do concelho, na maior parte do anno, é regular; mas desde julho até novembro, apparecem as febres intermitentes e remitentes de vários typos e géneros, que affligem as povoações próximas aos arrozaes, que, desde 1850 se tem feito em larga escala, nos concelhos próximos. Também concorre para estas moléstias, a falta de limpeza das vallas, nos brejos.
Segundo a tradição, a origem da villa do Seixal, é a seguinte - Vendo pessoas competentes, que o sitio era asado para construções navais em grande escala, e que estava em fácil communicação com os operários da fabrica da Ribeira das Naus, que então estava estabelecida a E., para o lado da villa de Coina, fundaram aqui alguns estabelecimentos, dependentes do arsenal da marinha, e pouco a pouco, os mestre s e operários d’elle, aqui foram construindo casas de habitação.
Diz-se que no princípio, os moradores do Seixal, pagavam os dízimos ao infante D. António, commendador d'Almada, e que depois, esta commenda passou a ser do grande condestável, D. Nuno Alvares Pereira, por mercê de D. João I - O Condestável deu depois isto aos religiosos carmelitas de Lisboa, quando n'esta cidade lhes construiu a egreja e mosteiro.
Ainda há á entrada do cemitério publico, uma inscripção - que esteve na extremidade de E. da povoação - gravada quando o condestável era donatário do Seixal.


Consta que, visitando o rei D. Manoel esta povoação, quando foi ver a Coina a Ribeira das Naus, mandou que se chamasse Villa Nova do Seixal, e que desde então é que tem a cathegoria de villa. D’isto existia ainda há poucos annos uma inscripção, gravada em uma pedra sobre a verga de uma porta, na rua do Paço. Esta pedra, serve de pilar de uma chaminé, das casas da sr. José dos Anjos, no largo do Estaleiro.
Pelos annos de 1500, se construiu uma ermida, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Passados annos, com o crescimento da população, e sendo incommodo estarem ligados á parochia da Arrentella, cuidaram os do Seixal de construir um templo espaçoso, que de futuro podesse servir de egreja matriz, e pôr provisão do 1.º Patriarcha D. Thomaz d' Almeida, de 29 de março de 1726, se alcançou licença para esta edificação, sendo a primeira pedra lançada pelo parocho d’Arrentella, em 22 de abril do mesmo anno.
Todo o povo do Seixal, sem distincção de cathegoria, sexo nem edade, trabalhou n'esta construcção, e os que eram ricos, alem das grandes esmolas que deram, se pozeram á frente dos operários, trabalhando com elles; distinguindo-se José Bravo [4]
, que hypothecou todos os seus haveres, até ao completo pagamento de todas as despesas da obra. Os homens do mar, fintaram-se voluntariamente, na terça parte de todos os seus lucros. [5]

(Pormenor do portal da igreja do Seixal)

A ceremónia da abertura do novo templo, teve lugar em 25 de dezembro de 1728, com grande solemnidade.
N’esta época, já a povoação do Seixal constava 260 fogos.
Trataram depois do processo da desmembração e independência, da freguezia da Arrentella, o que soffreu grande opposição por parte do parocho desta freguezia, mas que finalmente, foi ordenada, por provisão do cardeal patriarcha, datada de 23 de junho de 1734: sujeitando-se o povo da nova freguesia, á sustentação da fábrica da egreja, e ao pagamento da congrua do párocho. [p. 79]
Diz a referida provisão:
“Ficam os moradores do Seixal obrigados a dar a congrua subsistencia do novo parocho e seus successores, a dar-lhe casas para morar, e cada lavrador que lavrar vinho, ou pouco ou muito, lhe dará dous potes de seis canadas de vinho, à bica do lagar, que serão hoje cincoenta os que lavram vinho, e os que de novo o lavrarem, darão os mesmos dous potes, pelo tempo adiante: e todos os mais freguezes que não lavrarem vinho, lha darão um vintém, pela desobriga, no rol dos confessados, e lhe darão mais, pela paschoa, seis mil e quatrocentos réis, para o barrete pagos pela fábrica da egreja, com todas as mais offertas e benesses que lhe render o pé d’altar, conforme o costume da freguesia antiga. E que, para a fábrica da egreja, daria cada um dos que lavrassem vinho, dous potes, na forma acima declarada, e oito vinténs cada fogo, na forma que pagavam á egreja d'Arrentella”.


O primeiro parocho d'esta freguesia, escolhido pelo povo, foi o padre Manoel Simões d'Estrella, da villa do Pombalinho, bispado de Coimbra, que tomou posse, em 27 de julho do mesmo anno de 1734, e em seguida, a 27 de agosto, se celebrou com magestosa pompa, a instalação religiosa da parochia, ordenando para isso uma procissão que sahiu da ermida de Nossa Senhora da Boa Viagem - propriedade dos religiosos trinos - qual ermida ainda existe na casa e quinta que hoje é do sr. Francisco de Azevedo e Sá.
A confraria do Santíssimo, que logo se instituiu, desejando adquirir as graças e indulgências de que gosa a archiconfraria da real parochia de S. Julião, de Lisboa, sollicitou patente de aggregação, que a dita archi-confraria lhe concedeu, por accordam de 24 de abril de 1755. [6]
Alem d'esta confraria, instituiram-se as das Almas, S. Pedro [7]
, e Senhor dos Mareantes, cada uma com seu capellão.


O terramoto do 1.º de novembro de 1755, assolou muito esta freguezia, e entre os prédios que arruinou, se incluiu a egreja matriz, ficando sepultadas sob as suas ruínas, muitas das pessoas que o tinham ajudado a construir com tanta devoção e alegria. As inundações que se seguiram ao terramoto, pozeram em fuga todos os habitantes da villa, que procuraram abrigo, ao S. da parochia, no sitio chamado Barrocas do Conde Villa Nova.
Passados alguns dias, e as maiores impressões de terror, desceram á povoação, para enterrar os mortos, cuidar do reparo de suas casas e reedificação da egreja; e novamente a ermida dos frades trinos recebeu o sacrário com o Santíssimo, que ahi foi conduzido em procissão.
Tratando de reedificar a primitiva ermida (por ser obra de menos despeza) andaram com tanta solicitude, que, com a despeza de 851$765 réis a concluíram, a ponto de já alli se fazerem os officios da Semana Santa, em 1756. [8]
Desde então, decidiram festejar annualmente, no 1.º de novembro, Nossa Senhora das Dores; o que fizeram alguns annos, substituindo depois a festa, pela do Senhor dos Mareantes.
Para as obras da ermida, não só os pescadores se obrigaram a dar a quarta parte dos seus lucros, mas todos se empenharam zelosamente, mulctando até os divertimentos públicos. (Só o mealheiro do jogo da bolla, produziu a quantia de 47$000 réis!) A reconstrução da egreja matriz, foi mais dispendiosa e demorada, e se concluiu em 1762, celebrando-se a sua abertura ao culto divino, em 21 de fevereiro d'esse anno, com grande esplendor.


A torre dos sinos, só se concluiu em 1776, collocando-lhe logo trez sinos, e um relógio, que foi feito por Paulo de Franca, e custou 230$000 réis.

(Relógio da Igreja do Seixal)

Como o anno de 1784 fosse propício aos pescadores, pela grande abundância de pescaria que então houve, resolveu esta corporação, adquirir uma imagem da padroeira, de tamanho proporcionado ao templo, e ajustaram em Lisboa com o esculptor Nicolau Pinto, o fazer-lhes uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, de madeira, de sete palmos de altura, fora as nuvens, os saraphins e peanha por 57$600 réis; importando [p. 80] a encarnação e pintura, em 43$200 réis, e que foi feita por José António de Carvalho; vindo a custar esta imagem, depois de prompta, 100$800 réis, ou 21 moedas d’ouro. Compraram-lhe também ama coroa de prata, que custou 121$650 réis. Está esta formosa imagem, no altar mór, sobre a banqueta, e debaixo de um rico docel, de talha dourada.
A imagem antiga, da padroeira, está collocada no altar lateral, do lado do Evangelho, e é a que vae nas procissões.


A imagem do Senhor dos Mareantes, é muito antiga, e consta que fui dada por um dos ascendentes do sr. António da Gama Lobo Sallema, que a tinha em um oratório, da sua quinta, no districto d'esta freguesia. O Senhor dos Mareantes, já tinha confraria em 1745, pois o seu compromisso foi approvado, por provisão de 6 de agosto, de esse anno. [9]
Até 1833, enterravam-se os defuntos, na egreja parochial, e desde então, por causa do colera-morbus se enterraram em um chão, ao E. da quinta denominada de Paulo Jorge. [10]
Depois d'esta epidemia, é que a camara adquiria o terreno do actual cemitério, que fica a E. da villa, e para o qual se comprou uma casa com seu quintal, acrescentando-se depois uma porção de terreno, que foi generosamente offerecido, pelo sr. António Ferreira, avô do sr. José Ferreira de Brito.


Em 1856, foi a egreja matriz novamente reparada, com a maior perfeição, e pode rivalisar com os melhores templos de Lisboa, tanto na primorosa talha, dourada a ouro fino, como na perfeição das santas imagens, e riqueza dos paramentos e alfaias. Esta reparação, custou 11:000$000 réis, gastando n'ella, do seu bolso, o referido sr. José Ferreira de Brito, 6:000$000 réis - e réis, 2:300$000, offerecidos pelo chefe dos pescadores.
Foi por esta occasião que se adquiriram os actuaes sinos (nove) que custaram réis 717$000, depois de descontado o peso dos velhos.

(Torre e Sinos da Igreja do Seixal)

Para transmittir à posteridade, se gradou em uma lapide, collocada á entrada do templo, uma inscripção, com os nome dos fiéis que mais concorreram para esta reedificação. que foram os srs. Dr. Manoel Teixeira de Sousa - José Ferreira de Brito - João Baptista dos Santos - e Thomaz Duarte.
Depois d'estes bemfeitores, todos os mais parochianos se esmeraram á porfia, cada um segundo as suas posses, ou devoção, para que esta obra fosse, como é, de grande sumptuosidade.


Em 1870, se adquiriu uma imagem do Senhor dos Passos, do tamanho natural, e de primorosa esculptura, feita por Francisco de Gomes, e tal e qual como a formosa imagem que existe na capellinha do mosteiro de Santo António, de Lisboa - hoje asylo da Mendicidade.
Foi feita á custa de esmolas, pedidas de porta em porta, e que produziram a somma de 250$000 réis, incluindo 63$000 réis dos pilotos da barra, e 18$000 réis, do mealheiro dos botes de pesca.
A imagem e seus pertences, importou em mais de 300$000 réis, sendo para isso augmentada a receita, com a avultada esmola que deu o sr. Manoel Ferreira Simões.
Tem esta villa, estação telegraphica, de 1.ª classe, aberta ao serviço publico, em 28 de setembro de 1878. Pertence á 9.ª secção telegraphica (Évora).
Este melhoramento, foi alcançado pelos esfforço do deputado d'aquelle anno, de 1878, o sr. Jayme Arthur da Costa Pinto. A câmara municipal forneceu a casa, e a fábrica da Arrentella, a mobília.


Durante os 146 annos da sua existência como parochia independente, tem tido o Seixal os seguintes Parochos
1.º Manoel Simões d'Estrella, do bispado de Coimbra desde 1734 até 1759.
2.º João de Figueiredo e Silva, algarvio, desde 1759 até 1766.
3.º Miguel Bravo Reymão, natural do Seixal, desde 1766 até 1799. [11]
[p. 81]
4.º Francisco Gomes Vieira, natural do Seixal, desde 1799 até 1803.
5.º Joio Heliodoro Muscate, desde 1803 até 1804.
6.º Pedro António Gerardo, desde 1804 até 1811.
7.º António de Fontoura Carneiro, natural do Seixal, desde 1812 até 1815.
8.º António Innocêncio dos Santos e Paes, desde 1815 até 1819.
9.º José Joaquim Alves, natural do Seixal, desde 1819 até 1825. 
10.º António do Espírito Santo, desde 1825 até 1831.
11.º José Joaquim Alves (2.ª vez), natural do Seixal, desde 1831 até 1845.
12.º José Vaz Martins d' Almeida, desde 1845 até 1846.
13.º José Joaquim Alves, natural do Seixal (3.ª vez), desde 1846 até 1860.
14.º António Maria Pessoa, natural de Lisboa, desde 1860 até 1870.
15.º José Maria de Barros Lobo, natural de Braga, desde 1870 até 1872.
16.º Francisco Rodrigues Neiva, natural de Braga, desde 1872 até 1877.
17.º Luiz Alves Gomes Freire, natural de Coimbra. desde 1877 até 1878. [a]
18.º José Baptista Pereira, natural de Faro, no Algarve, desde 1879. É o actual [b].


Ao rev. António Maria Pessoa, 14.º prior do Seixal, e que de lá foi para prior de S. José de Lisboa, devo grande parte d’estas informações, que me mandou para Villa do Conde, em 7 de março de 1879. Mal diria este virtuoso sacerdote que poucas semanas depois falleceria, na rua do Gorreão, n.º 38, ainda na edade florente de quarenta e tantos annos.
Foi alguns mezes seu parochiano, e pude então apreciar as bellas qualidades que o adornavam. Morreu pobre, porque dava tudo aos pobres. A sua morte causou geral sentimento em toda a freguezia de S. José, e a todas as pessoas que o conheciam.
Emquanto os do Seixal pertenciam á freguezia da Arrentella, tinham um capellão para Ihes dizer missa aos domingos e dias sanctificados, na ermida de Nossa Senhora da Conceição, a cuja imagem faziam uma pomposa solemnidade, no dia próprio (8 de dezembro).

NOTAS ORIGINAIS:

[a] Foi transferido para a freguezia d’Amora, onde é actual párocho collado.
[b] O sr. José Baptista Pereira - que é ainda muito novo é muito instruído, affavel e exemplarissimo, ja como sacerdote, já como homem, já como filho e irmão extremoso. Tendo sido prior encommendado em S. Simão d’Azeitão (Villa Fresca d'Azeitão) e depois na freguezia da Amora. Fui apresentado n’esta egreja, a 27 de março de 1879 (por concurso synodal) coIlando-se a 8 de junho, e tomando posse no dia 10 d'este mez, e tudo no referido anno de 1879.


NOTAS ADICIONAIS
[1] Quinta da Bela Vista / Franceses, depois Fábrica Mundet.


[2] Quinta de Dona Maria, depois Fábrica Wicander.


[3] Abraham Wheelhouse adquiriu a Quinta da Palmeira, que fora integrada na Fazenda Pública em 1834, a qual passou depois para seu genro, José Joaquim de Almeida Lima (originário da Bahía, Brasil, e naturalizado português), casado com a sua filha Georgina Henriqueta Oom Wheelhouse, e depois destes para os seus descentes da família Almeida Lima.


[4] José Bravo, Feitor das Matas Reais, era um dos habitantes mais importantes do lugar do Seixal, e em 1742, na sua Habilitação para Familiar do Santo Ofício, duas testemunhas afirmam, uma que ele «vive de sua fazenda que lhe parece ter mais de 15:000 cruzados e sabe ler e escrever e digno de todo o emprego», e outra que é «pessoa de bom procedimento vida e costumes e com bom tratamento», dizem que é dos «homens mais ricos que tem estes contornos, sabe ler e escrever».
Era filho de Manuel Bravo, que também foi Feitor das Matas Reais e antes tinha sido Mestre da Ribeira das Naus, e pai de Miguel Bravo Reimão, 3.º pároco do Seixal.
O seu irmão, Luís Bravo, Carpinteiro do Mar, foi pai de José Bravo, Escudeiro e Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, que em 1757 comprou uma fazenda no sítio da Favaqueira onde edificou as casas que mais tarde ficaram conhecidas pela Quinta do Bravo, e de João Pereira Bravo, avô de Ângelo Joaquim Bravo, que por Despacho de 9 de Março de 1837 foi nomeado, com 31 anos, o 1.º Administrador do Concelho Seixal, o qual fora criado por D. Maria II em 30 de Novembro de 1836. 


[5] A obra da nova igreja foi entregue ao Mestre de Obras e Pedreiro Manuel Antunes, de Lisboa, por um contrato feito em 25 de Setembro de 1726, com o Capitão Brás de Oliveira, e outros devotos do lugar do Seixal (ADS-CNA, Cx. 4397, L.076-I, fól. 37f – cit. Rui Mendes, «Património Religioso de Almada e Seixal: Ensaio sobre a sua história no século XVIII». Anais de Almada, 11-12 (2008-2009), 2010, pp. 84). Este Capitão Brás de Oliveira, morador em Lisboa, tinha uma quinta no Seixal com sua mulher D. Maria Tomásia, a Quinta de Dona Maria, e encontra-se sepultado à entrada da Igreja do Seixal conforme documenta uma lápide sepulcral de 1735.


[6] A Irmandade do SS.º Sacramento, que sucedeu à Confraria de N.ª Sr.ª da Conceição, teve o seu Compromisso aprovado por Provisão Patriarcal de 25 de Maio de 1742 (AHPL, Ms. 327, fól. 250 – cit. Rui Mendes, id., p. 74).
A esta Irmandade foi concedida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa a faculdade de apresentar anualmente o Cura da Igreja do Seixal, sendo a 1.ª carta de apresentação datada de 2 de Junho de 1737 e assinada por José da Silva Sousa (Escrivão),  Cristóvão Gonçalves (Procurador) e o já acima referido José Bravo (Tesoureiro) (TT-CEL, Mç. 1764). (*)

[7] A Irmandade de S. Pedro e a Irmandade das Almas do Seixal foram estabelecidas por Provisões Patriarcais de 3 de Dezembro e 24 de Novembro de 1735, e os respectivos compromissos aprovados por Provisões de 30 e 29 de Julho de 1737, respectivamente (AHPL, Ms. 328, fóls. 271 e 334 – cit. Rui Mendes, id., p. 74). Estavam ambas sedeadas na Capela de S. Pedro e Almas erigida na Igreja do Seixal por Provisão de 20 de Janeiro de 1736 (AHPL, Ms. 328, fól. 273 – cit. Rui Mendes, id., p. 99, 132).

[8] A antiga Ermida de Nossa Senhora da Conceição, situada na Praça da República, que passou a ser conhecida depois do terramoto como Ermida de Nossa Senhora do Rosário, foi demolida já no século XX.

[9] O Altar do Sr. dos Mareantes foi erigido na Igreja do Seixal por Provisão Patriarcal de 17 de Maio de 1735 (AHPL, Ms. 328, fól. 242 – cit. Rui Mendes, id., p. 99, 132). A Confraria foi estabelecida por Provisão de 6 de Agosto de 1745 (AHPL, CN 1841, fól. 193 – cit. Rui Mendes, id., p. 74). 
No século XIX a festa do Senhor dos Mareantes realiza-se anualmente no 1.º de Novembro (TT-CEL, Mç. 3327). (*)


[10] Quinta do Bravo.


[11] Filho do já citado José Bravo, antes de ser Cura do Seixal foi Tesoureiro da Igreja, e depois da sua nomeação como Cura foi colado com o título de Reitor a partir de Maio de 1771 pelos Irmãos do Santíssimo Sacramento da Freguesia do Seixal, que deste modo evitavam ter de o apresentar anualmente.



RUI M. MENDES
Caparica, 12 de Março de 2012


Revisões:
(*) 13 de Março de 2012. 

Sem comentários:

Enviar um comentário